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Fundos minimizam perdas com a crise

Clarissa Barreto, do Rio de Janeiro Se 2008 tivesse terminado na sexta-feira passada, os fundos de pensão brasileiros amargariam o primeiro ano de rentabilidade negativa desde 2002. Isso porque, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Fundos de Pensão (Abrapp), o Ibovespa precisa encerrar o ano em pelo menos 45 mil pontos para que a rentabilidade empate com a meta atuarial dos fundos (INPC mais 6%). Em 2002, o problema foi a crise de credibilidade enfrentada pelo Brasil no mercado externo, em função da iminente eleição do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, o problema vem de fora para dentro, com a crise do subprime norte-americano. "A crise não atinge diretamente os fundos de pensão, já que eles não possuem aplicações no exterior", minimiza o diretor-presidente da Abrapp, José de Souza Mendonça. No entanto, a Abrapp admite que há um encolhimento não-realizado de pelo menos R$ 20 milhões somente no mês de agosto. "Há reflexos nas aplicações feitas no País, em renda variável, que são de, em média, 20% dos investimentos dos fundos. Mas não aplicações de forma especulativa e sim, a longo prazo, com visão de 30, 40 anos à frente. Por isso, os investimentos estão estáticos, nenhum fundo está se desfazendo de posições na Bovespa", garante Mendonça, o que é um alívio para o setor financeiro, já que os fundos de pensão têm hoje R$ 145 bilhões aplicados em renda variável. "Não há motivo para os fundos realizarem os prejuízos se suas metas são de longo prazo", conclui. O dirigente lembra ainda que a falta de liquidez que acomete alguns investidores não preocupa o segmento. "Temos os aportes mensais dos participantes ativos, que hoje alcançam os 2,2 milhões de pessoas no País. E, se for preciso, podemos ainda fazer retiradas dos investimentos em renda fixa", diz Mendonça, que ontem abriu o 29º Congresso Brasileiro de Fundos de Pensão, no Rio de Janeiro. "Não tem fundo de pensão correndo risco. Temos bastante gordura para queimar na crise e para esperar pela reação dos mercados." Uma exceção poderia ser a Previ, o fundo de previdência do Banco do Brasil. O presidente Sérgio Rosa comenta que as perdas com a crise alcançaram entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. No entanto, a Previ é uma gigante: é o maior fundo do País e o maior investidor isolado, com patrimônio de R$ 130 bilhões. "Muitos de nós ouvem há bastante tempo que havia o risco de uma bolha imobiliária nos Estados Unidos. Curiosamente, neste ambiente racional que é o ambiente de investimentos, se sabia que havia o risco do problema, mas ninguém fez nada e, incrivelmente, ele explodiu", comenta Rosa.
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